Este artigo é uma colaboração de Flare Consulting:
Originalmente publicado em https://revistaadnormas.com.br/2019/10/08/reflexoes-sobre-o-pdca-e-pdsa/
Marcelo de Col é auditor da qualidade certificado (CQA) pela American Society for Quality (ASQ) e diretor da Flare Consulting - marcelo.col@flareconsulting.com.br
Existe muita confusão em torno do PDCA e também de suas evoluções. Houve algumas, ocorridas nos últimos 50 anos. Dentro do modelo japonês de controlar a qualidade, também do modelo concebido por Deming à época em que participou do Seminário da Japanese Union of Scientists and Engineers (JUSE) em 1950.
Neste seminário de oito dias, Deming apresentou seu modelo baseado no ciclo de Shewhart de 1939. Este ciclo, que tem suas origens no método científico (1) (Galileo no século XVII), passando por Francis Bacon, e no pragmatismo norte americano de Charles Peirce, William James, John Dewey e Clarence Irving Lewis, impulsionou o trabalho de Shewhart.
Paralelamente, Deming transformou o modelo de Shewhart que possuía três etapas em um círculo. No entanto, devemos considerar que, esses modelos foram concebidos no início, e meados do Século XX respectivamente, onde os processos produtivos experimentavam a transição da Segunda para a Terceira Revolução Industrial, produção em larga escala, com a ausência de defeitos.
Já o modelo concebido por Deming, possuía quatro etapas, que foi chamado por Deming de Ciclo de Shewhart (2) e esse foi o modelo apresentado no Seminário em 1950. Em algum ponto da apresentação, os presentes ao Seminário de 1950 da JUSE, não se sabe ao certo, fizeram uma tradução ou adaptação das etapas 3, 4 e 5 para uma única, que na tradução ficou Verificar ou Check em inglês. Deste modo o PDCA foi concebido e se espalhou.
Deming sempre negou a autoria do PDCA, inclusive por escrito (3) sustentando o modelo que ele havia concebido em 1950, as quais chamou de Ciclo de Shewhart. Posteriormente rebatizado de PDSA.
Para os dois modelos derivados do ciclo de Shewhart, apresentados por Deming em 1950, houve algumas evoluções. O PDCA de 1985, descrito por Ishikawa, foi fragmentado na fase de planejamento em determinar os métodos para atingir os objetivos, na fase da execução, engajar as pessoas em treinamento e educação. Os efeitos da implementação são verificados na etapa 3 (check). O PDSA de 1986 evoluiu até 1993 e este modelo possui uma relação de aprendizado (study) com o que foi planejado na primeira etapa, não tendo portanto uma relação durável de sucesso ou fracasso na implementação.
Em 1991, Moen [1], Nolan and Provost adicionaram ao PDSA, na fase de planejamento, o modelo de melhoria, fazendo com que o PDSA evoluísse para um modelo de predição. Essa alteração fez com que na fase de Estudo (S), seja possível completar a análise dos dados coletados, comparando-os com as previsões feitas na etapa de planejamento, lembrando que o inicio da análise é realizada na etapa anterior (DO), inclusive nesta etapa foram adicionadas duas sub-rotinas, a de registrar problemas encontrados e observações inesperadas. Após o término das análises, sumariza-se o que foi aprendido e somente com dados e fatos decidir quais mudanças realizar (Act).
Referências
(1) Ronald Moen, Foundation and History of the PDSA Cycle, 2009, https://s3.amazonaws.com/wedi/www/FileManager/PDSA_History_Ron_Moen.pdf
(2) Deming, W. Edwards (Willian Edwards), 1900- Qualidade: a revolução da administração – Out of the crisis.
(3) Ronald D. Moen and Clifford L. Norman, circling-back, 2010, https://s3.amazonaws.com/wedi/www/FileManager/circling-back.pdf
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