Por que uma consultoria técnica desenvolveu um programa de treinamento para soft skills?
Muitas são as perguntas sobre o motivo da Clearance, uma empresa de consultoria técnica, focada em confiabilidade e melhoria contínua, ter desenvolvido uma série de treinamentos para habilidades não técnicas, competências pessoais de comportamento.
Antes de iniciarmos uma linha lógica para descrever essa iniciativa, vamos atentar a uma condição, sintetizada na pergunta: Por que grandes organizações, as maiores em seu ramo de atuação, otimamente estruturadas, com profissionais altamente capacitados e cuidadosamente selecionados não alcançam, muitas vezes, o desempenho esperado, seja em produtividade, margens, custos ou mesmo clima organizacional?
A resposta está nas pessoas. Embora os processos e estruturas sejam definidos por n metodologias já testadas e provadas efetivas, as pessoas definem as organizações.
Sem entrar no aspecto teórico da confiabilidade humana, sua probabilidade de conduzir tarefas dentro de limites predefinidos - tema para outro artigo - nem todas as pessoas atingem ou possuem o mesmo nível de proficiência.
Em seu livro Going Pro: The Deliberate Practice of Professionalism, Tony Kern, Doutor em Pedagogia, especialista em fatores humanos, professor da academia da USAF, apresenta o conceito de níveis de profissionalismo:
Nível 1 – Possui conhecimentos característicos da profissão. Suficientemente competente para ocupar uma posição no mercado e ser remunerado pelo seu trabalho, mas não necessariamente cumpre com todos os procedimentos, políticas ou guias regulatórias;
Nível 2 – Cumpre com todos os requisitos, segue todas as regras, mas não atinge seu pleno potencial por não conhecer ou não ter ferramentas disponíveis para seu desenvolvimento contínuo. São profissionais estagnados;
Nível 3 – Profissionais completos. Dominam todos os seis aspectos do profissionalismo: excelência vocacional, ética profissional, desenvolvimento contínuo, engajamento profissional, imagem profissional e empatia organizacional.
De acordo com uma curva de distribuição normal, aproximadamente 70% dos profissionais estão no Nível 2. Por desconhecimento se limitam aos conhecimentos técnicos, ao que se aprende na cadeira da universidade, na literatura técnica, nos métodos e acaba por não valorizar os aspectos humanos, os soft skills e não desenvolvendo seu pleno potencial profissional, o que tem impacto direto no seu desempenho.
Enquanto a estatística é consagrada e sua aplicação está ao alcance de todos, sem uma liderança engajada, com uma comunicação assertiva, que consiga influenciar a todos os envolvidos no processo, nenhum programa de manutenção, melhoria ou projeto alcança o resultado esperado.
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